segunda-feira, 7 de maio de 2012

O EU DA TRAIÇÃO



O trabalho esotérico está diretamente relacionado com mudar nossos estados interiores aqui e agora. A essência, a consciência faz parte do Ser Eterno. Os egos, os estados interiores equivocados, pertencem ao transitório; são o ‘não ser’.
Estamos de instante em instante diante do dilema: “Ser ou não ser?” - devemos, pois, logo nos decidir.
Como dissemos, e temos insistentemente ensinado, os egos pensam, sentem e agem por nós. Existem, portanto, três portas de entrada para que o ego possa se manifestar. Todos os nossos pensamentos errados pertencem a um ego. Todas as nossas emoções negativas são originados por um ego. Todas as nossas vontades equivocados, ou mesmo as intencionalmente perversas são advindas da existência transitória de um eu. A essas três portas tenebrosas que servem de acesso à manifestação dos egos que chamamos esotericamente de os três traidores, embora todos os egos, em suma sejam os traidores do Ser de uma forma ou de outra.
Assim, temos o Demônio da Mente; o Demônio do Desejo; e o Demônio da Vontade Perversa. Esses são os três grandes traidores, sobretudo a nós que estamos trilhando o caminho. Quanto maior o conhecimento, maior a responsabilidade. Assim, acontece que através da auto-observação íntima de nós mesmos, nos daremos conta em pouco tempo, devido ao desenvolvimento do maravilhoso sentido da auto-observação, dos nossos defeitos psicológicos, tais quais eles são. Neste momento então, vivenciaremos de fato o dilema acima exposto, pois agora estaremos cônscios de seu significado íntimo real; a escolha não será tão fácil de se fazer, em determinados momentos, devido precisamente à existência e atuação do Desejo somado ao ego; também devido à Mente somada ao ego; bem como devido à força da Vontade sendo utilizada vilmente pelo ego.
Urge nos auto-conhecermos a fundo para compreendermos o que é o ego e o que é o Ser. Aqui temos ensinado muitas chaves, porém somente a prática intensa e diligente, buscando a perfeição poderá nos levar ao êxito.
O Demônio do Desejo nos incita a trocar o trabalho esotérico pela Preguiça; pelo sabor dos alimentos; pelas sensações físicas; pelo gozo; pelo conforto; pelo dinheiro; etc.
O Demônio da Mente sempre procura evasivas, desculpas, para deixar de fazer o que tem que ser feito.
O Demônio da Vontade Perversa, o mais terrível de todos, é aquele que empunha a vontade para fazer conscientemente a coisa errada, a maldade, a perversidade. O Demônio da Vontade Perversa é aquele que se empenha para realizar aquilo que os outros dois almejaram.
No Drama Cósmico do Nosso Senhor Jesus Cristo vemos bem claro a representação desta simbologia. Judas, o demônio do desejo, vende o Cristo por moedas de prata. Pilatos o demônio da mente, se justifica, e mesmo não vendo pecados no Cristo, lava as mãos, entregando-o a morte. Caifás, o terrível demônio da Vontade Perversa, exige e faz, através da sua vontade própria, com que o Cristo seja crucificado.


Ainda nos referindo ao Drama Cósmico representado na terra por Jesus, encontramos na passagem da negação de Pedro, outra porta para a entrada da traição. Queremos aqui nos referir ao medo. O medo serve como escudo pra que uma infinidade de outros eus terríveis possam se manifestar. Não é necessário salientar que devemos eliminar até a sombra do medo que exista em nós mesmos aqui e agora, a toda vez que, através do sentido da auto-observação, consigamos identificá-lo dentro de nós mesmos. Pedro, não obstante, reconheceu o seu erro, se arrependeu e seguiu adiante. “A porta do arrependimento é a última que se fecha.” Batamos nessa porta, pois. Nos arrependamos de nossos muitos pecados e iniciemos o trabalho da eliminação dos eus psicológicos.
Assim, pois, somente com o trabalho diário da auto-observação, seguida de morte em marcha, nos veremos livres destes indesejáveis e incontáveis inquilinos, os egos.
Porém, uma vez que tenhamos cedido ao defeito, fica muito mais difícil retornar ao ponto anterior, pois teremos engordado em demasia aquele defeito, sobretudo se o fizemos de maneira consciente. Lúcifer tem que obedecer à Deus e isso o faremos de maneira imperiosa, nos fazendo valer da oração e da vontade. Aliás, isso é uma constante no trabalho esotérico. Uma vez que tenhamos caído, ficará sempre mais difícil subir para onde estávamos. Por exemplo, no campo sexual, uma vértebra perdida custará muitos superesforços para que o discípulo retome o ponto anterior.
Como vimos, em suma são os egos que nos atraiçoam. Em contrapartida nós atraiçoaremos a nós mesmos, aos demais e, finalmente, aos Mestres e ao Ensinamento, quando flertando com os nossos terríveis eus, agirmos.
Por exemplo, fazer poses; nos sentirmos; defendermos nossos próprios eus; defendermos o erro e o injusto por interesses pessoais; não fazermos o que é correto, sabendo o que o é; não fazer as práticas que ensinamos aqui, após termos vivenciado que trás bons resultados, essas são algumas formas de trairmos a nós mesmos.
Traímos os demais quando, por exemplo, contamos os segredos de um amigo; quando não cumprimos um compromisso; quando chegamos atrasados a um encontro, etc.
Tirar vantagens do ensinamento; vendê-lo; maldizer o seu Mestre; ter o desejo de ocupar o lugar do superior, etc. são maneiras de traição ao Mestre e ao Ensinamento.
A traição forte é punida com a perda da alma. Contam-nos que um certo sujeito fez chamar seus parentes a um banquete. No momento propício, quando eles sequer esperavam, matou-os. Neste mesmo exato instante a alma deste traidor era julgada e sentenciada a perdê-la, ocasião em que foi despachada de pronto para o abismo, restando-lhe apenas um eu, digamos, o mais bonzinho, para que se cumprirsse o seu carma e o dos demais até o final do seu ciclo.
Atraiçoamos, também, além de nós mesmos, aos demais e ao Ensinamento, às nossas partes internas. Por exemplo: o pecado contra o Espírito Santo; o pecado contra o Íntimo, etc. O pecado contra o Espírito Santo é um delito que não tem como negociarmos o seu carma. Os demais defeitos, conforme vamos morrendo em nós mesmos, podem ser perdoados. Porém, o contra o Espírito Santo, não. Toda desvalorização do sexo, toda fornicação, adultérios, abortos, castrações não são de maneira nenhuma perdoados. Essa é a Lei. O sábio saberá viver as conseqüências daquilo que criou em vidas anteriores, pacientemente.
Quando mentimos traímos ao Pai que está em Secreto. Ele é a própria verdade. Quando mentimos, portanto, traímo-lo. Mais que não mentir, não devemos mentir para nós mesmos. Porém, há fatos que se devem omitir. Dou-lhes um exemplo para que reflitam a fundo e depois tirem as suas próprias conclusões. Acaso devemos dizer onde se encontra determinada pessoa que esteja sendo procurada por bandidos ou por qualquer que os queiram matá-lo ou fazer-lhe mal?
Como temos dito a Gnose é cem por cento prática. Desta maneira, a prática que fica para essa lição é fazer as já dadas com seriedade. Que morram o eu da irresponsabilidade, da galhofa, do desinteresse. Aliás, que morramos todos os nossos eus de instante em instante, de momento em momento. Passemos, também, a nos auto-observar com o máximo de sinceridade.

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