Esses três nomes costumam aterrorizar as pessoas em seus íntimos, somente de ouvir-lhes dizer. Eles não raro são associados a lendas e fábulas. A imagem que nos colocaram em nossa mente são de seres fantásticos, com chifres, capa, pés de cabra, etc., etc., etc.
Mas, devemos, pelo contrário, buscá-los em nosso interior, sem medo, pois fazem parte de nosso Ser Íntimo.
Não há uma diferenciação no que lemos por aí, no geral, ao se tratarem destes três nomes: Lúcifer, Diabo e Satã, aos quais acrescentaremos um quarto: Demônio. Mas nós, devido à necessidade, pois há alguma diferença relevante entre os valores aos que se lhes deveriam dar, teremos que, momentaneamente, fazer esta diferenciação, ao que chamaremos ‘didática’ entre eles.
Primeiramente busquemos entender o momento em que a Mônada foi ‘vomitada’ do Absoluto, no exato momento de sua criação. Naquele instante todo o material contendo as três forças primárias em perfeita unidade é lançada para fora do Seio da Perfeição e inicia uma baixada, embora não podemos dizer que não seja absolutamente limpa, pura e perfeita.
Porém, antes mesmo de que tenha que se dividir em dualidade, já existe algo novo. Queremos nos referir à própria sombra que o Absoluto projeta sob o novo Ser. A essa sombra do Logos, do Ser, dá-se o nome de Lúcifer.
Lúcifer em si não é nem bom nem mal. Podemos resumi-lo como a própria Tentação, o Tentador. Bem sabemos que “a vitória sobre a tentação é luz.” Mas, por outro lado, também sabemos que quem “brinca com fogo se queima.” Ou seja, a tentação em si não é nem boa nem má.
Deste ponto de vista, ele é o treinador psicológico.
Para que entendamos um pouco mais sobre a natureza de Lúcifer, vamos desmembrar o seu nome etimologicamente em “LUCI”, que quer dizer LUZ e “FER”, que quer dizer “doador”.
Ao desmembrar assim Lúcifer, encontramos dentro dele algo Divino. Ele é o portador da Luz. Dentro de todo desejo há algo Crístico. Por favor entendam e se observer com precisão. Dissemos aqui que o desejo seria morto se não tivesse que se fazer valer da força criadora Cristônica para dar toda aquela sensação de vitalidade, brilho, alegria, enfim, luz.
Porém, o desejo satisfeito faz com que toda aquela luz se vá, que tudo acabe, até que surja outro desejo, etc., etc., etc.
O objetivo da Grande Obra, não obstante, é justamente ser devorado pela Luz, ou seja, é o de sermos realmente Cristificados conscientemente. E, para isso, é urgentíssimo tomar de Lúcifer, o portador da luz, a sua tocha. E assim o fazemos ao vencer-lhe as tentações.
É obvio que o eu, o ego, que alimentava aquele desejo deve ser reduzido a poeira cósmica. Desta morte liberamos o material psíquico, a alma, com a qual vamos despertar consciência.
As tentações, de fato, vão se tornando cada vez maiores, tais aquelas do Cristo no deserto, ou Dele momentos antes de ser capturado pelos seus traidores.
Porém: ’Lúcifer ao teu Deus não tentarás, a Ele somente obedecerás.’
“Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.” Lia-se no Templo de Delfos.
Queremos dizer com isso que todas as vezes que falamos em Lúcifer, Diabo, Satã e Demônio neste curso, estaremos falando em algo que devemos buscar dentro de nós mesmos. As próprias lendas envolvendo Lúcifer e Prometeu, que é outro nome dado a mesma força luciférica que nos habita, se traduzidos do ponto de vista esotérico, ou seja, daquele ponto de vista interior, será muito melhor compreendido.
Voltemos nossa atenção agora ao Diabo.
O diabo somos nós mesmos. O eu, ou melhor, os eus são o diabo. O diabo é o ego, o mim mesmo, aqui que me cabe, que se orgulha, se sente, se defende, se auto-declara bonzinho, etc., etc., etc.
Cada eu que possuímos é um diabo, pois ele engarrafa uma pequena porção do material psíquico dado pelo Absoluto ao Ser e o rouba para si, age como se fosse seu. O ego acha mesmo que Deus deve servi-lo.
Na realidade, e isso qualquer um pode constatar em si mesmo através da auto-observação silenciosa de si mesmo, existem milhões e milhões de eus. Cada um pensa, sente e age de acordo com seus condicionamentos.
Deste modo, podemos dizer que temos uma verdadeira Legião de Demônios dentro de nós mesmos.
São precisamente essas aberrações, constituídas por milhões de valores equivocados, que tomam conta dos principais centros da máquina humana, inclusive do ‘poder’ de Lúcifer, para nos guiarem por ai, ao seu bel prazer.
Se nos analisássemos com presteza não seria difícil capturarmos diversas contradições dentro de nós mesmos, que por si, já desmascarariam o universo egóico e nos colocariam a um passo de voltamos a tomar conta de nós mesmos.
Com a tocha de Lúcifer nas mãos e livres dos acondicionamentos egóicos seriamos Deuses.
Chamemos de Satã o eu que se desprende da massa egóica e começa a se tornar desperto no mal e para o mal. Confunde-se com a personalidade, mas nada mais são do que estas larvas que ora ou outra vemos se manifestar por ai.
Satã, é resultado de magia negra ou mero acaso da involução aos mundos infernos.
Chamemos de Demônio aquele eu que já se encontra desperto no mal e para o mal. São aqueles tipos terríveis que não mais tem a chispa divina de amor dentro deles mesmos. Esses são os habitantes inevitáveis dos Mundos Infernos.
Não se deixem enganar: não existe nenhum tipo de eternidade para o ego. Ele é desintegrado de qualquer maneira, contra ou a favor da nossa vontade, pela Natureza.
O que existe de eterno dentro de nós mesmos é a Vida, ou seja a Luz; a Alma e Deus Pai.
Assim, para terminar esse tema, somente para melhor classificação diremos que Lúcifer é Supra Obscuridade e Diabo, Satã e Demônio são Infra Obscuridade.
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