segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A TRANSFORMAÇÃO DAS IMPRESSÕES


A Transformação das impressões
(Samael Aun Weor)

            Nosso tema de hoje está relacionado com a questão da transformação de nós mesmos. Na nossa passada conferência, falamos muito sobre a importância que tem a vida em si mesma; dissemos, também, que um homem é o que é sua vida e esta é como um filme, que ao desencarnarmos, levamo-lo para revivê-lo (em forma retrospectiva) no mundo astral, e que ao retornarmos, trazemo-la para projetá-lo outra vez sobre a tela do mundo físico.
            É claro que a Lei de Recorrência existe e que todos os acontecimentos se repetem, que tudo volta realmente a ocorrer tal como sucedeu, mais as conseqüências boas e más; isso é obvio.
            Agora bem, o importante é conseguirmos a transformação da vida e isto é possível se nos propusermos, profundamente...
Transformação – significa que uma coisa muda para outra coisa diferente. É lógico que tudo está submetido a mudanças.
            Existem transformações da matéria muito conhecidas; não poderíamos negar, por exemplo, que o açúcar se transforma em álcool e que o álcool, por sua vez, se converte em vinagre, devido a ação dos fermentos (esta é a transformação da um substância molecular em outra substância molecular). Sabemos, pela nova química dos átomos e elementos, que o rádio, por exemplo, se transforma lentamente em chumbo.
            Os alquimistas medievais falavam da “Transmutação do chumbo em ouro”, porém, não sempre queriam se referir à questão metálica, meramente física. Normalmente queriam indicar, com tais palavras, o transmutação do “Chumbo” (isto da personalidade) no “Ouro” do espírito; assim, pois, convém que reflexionemos em todas essas coisas.
            Nos Evangelhos, a idéia de homem terrenal (comparado este a uma semente capaz de crecimento), tem a mesma significação, como a tem também a idéia de renascimento, de um homem que “nasce de novo”. Porém, é obvio que se o grão não morre, a planta não nasce; em toda transformação existe morte e nascimento, ou morte e ressurreição.
            Já se sabe que na Gnosis, consideramos ao homem como uma fábrica de três pisos, que observe, normalmente, três alimentos.
            O alimento comum, normalmente se corresponde ao piso inferior da fábrica (nos referimos às questões do estomago). O ar, naturalmente, está no segundo piso, pois se realciona com os pulmões e as impressões, sem dúvida nenhuma, estão intimamente associadas ao cérebro, ao terceiro piso (isso é questão de OBSERVAÇÃO, sim ou não, irmãos?!)
            O alimento que comemos, sofre sucessivas transformações (isto é inquestionável). O processo da vida em si mesma, por si mesma, é a transformação. Cada criatura do Universo, meus estimáveis irmãos, vive mediante a transformação de uma substância em outra. Um vegetal, por exemplo, transforma o ar, a água e os sais da terra, em novas substâncias vitais, em elementos úteis para nós, como são (por exemplo) as nozes, as frutas, as batatas, os limões, as vagens, as ervilhas, etc. Assim, pois, tudo é TRANS-FOR-MA-CÃO.
            Devido a ação da luz solar, obtemos os variados fermentos da natureza. É inquestionável que a sensível película de vida, que normalmente se estende sobre a face da terra, conduz toda a FORÇA UNIVERSAL até o interior mesmo do mundo planetário em que vivemos.
            Mas, cada planeta, cada inseto, cada criatura (até mesmo o animal intelectual equivocadamente chamado homem), absorve, assimila determinadas forças cósmicas e logo as transforma e retransmite (inconscientemente) às capas interiores do organismo planetário.
            Tais forças, transformadas, se acham intimamente relacionadas com a economia deste organismo planetário em que vivemos. Cada criatura, segundo sua espécie, transforma determinadas forças que logo retransmite ao interior da terra, para a economia do mundo. Também as demais criaturas, as distintas espécies (as plantas, etc.), cumprem a mesma função.
            Sim, em tudo existe transformação. Assim, pois, a epiderme da terra é um organismo de transformação.
            Quando comemos o alimento, tão necessário para nossa subsistência, este é transformado (claro está, etapa após etapa...) em todos esses elementos vitais, tão indispensáveis para nossa mesma existência.
            Quem realiza dentro de nós este processo de transformação das substâncias? O centro instintivo! Quanto sábio é tal centro! Realmente, nos assombramos com a sabedoria de dito centro.
            A digestão em si mesma, meus estimados irmãos, é transformação. Todos podem ver que o alimento tomado pelo estomago (isto, pela parte inferior desta fábrica de três pisos, que é o organismo humano) se transforma.
            Se um alimento, por exemplo, passasse pelo estômago e não se transformasse, o estômago não poderia assimilar seus princípios (suas vitaminas, suas proteínas) isso seria, simplesmente, uma indigestão. Assim, pois, conforme nós vamos refletindo sobre esta questão, chegamos a compreender a necessidade de passar por uma Transformação.
            Claro está que os alimentos físicos se transformam; mas, há algo que nos convida muito à reflexão: não existe uma transformação (por exemplo) adequada das impressões. Para o propósito da natureza, propriamente dita, não há necessidade alguma de que o animal intelectual equivocadamente chamado homem, transforme realmente as impressões.
            Mas, um homem pode transformar suas impressões, por si mesmo, se possui (naturalmente) o conhecimento de fundo, esotérico, e compreende o por que dessa necessidade (resultaria magnífico transformar as impressões).
            A maioria das pessoas, no terreno da vida prática, crê que este mundo físico lhes vai dar, exatamente, o que anelam e buscam, e aí está, meus estimados irmãos, uma tremenda equivocação. A vida em si mesma entra em nós, em nosso organismo, em forma de meras impressões.
            O primeiro que realmente devemos compreender é o significado deste trabalho esotérico relacionado intimamente com a questão das impressões. Que necessitamos transformar a vida... é verdade! E uma pessoa não poderia realmente transformar sua vida, se não transforma as impressões que lhe chegam a mente. É urgente, pois, que os que escutam esta conferência reflitam no que aqui estamos dizendo...
            Não existe, realmente, essa coisa de vida externa (e vejam vocês que estamos falando de algo muito revolucionário, pois todo o muno crê que o físico é o real; mas, se vamos um pouquinho mais a fundo, o que realmente estamos recebendo a cada instante, a cada momento, são meramente impressões).
            Vemos a uma pessoa que nos agrade ou que nos desagrade, e o primeiro que obtemos são impressões dessa natureza. Não é verdade?! Isso não podemos negar.
            A vida é, como dissemos, uma sucessão de impressões (e não como crêem muitos ignorantes ilustrados: uma coisa sólida, física, de tipo exclusivamente material): a realidade da vida são suas impressões, claro está que a idéia que estamos emitindo através desta gravaão, resulta certamente difícil de capturar, de apreender; constitui um trabalhoso ponto de intersecção.
            É possível que vocês que me estejam escutando, tenham a certeza de que a vida que têm existe como tal, e não como suas impressões. Estão tão sugestionados por isso de mundo físico, que obviamente assim pensam.
            A pessoa que vemos sentada, por exemplo, na cadeira (lá, com tal ou qual traje de cor), aquele que nos sorri mais para lá, aquele que vai tão sério, etc. é para nós coisa real... é verdade, ou não é?! Mas, se meditamos profundamente em tudo o que vemos, chegamos a conclusão de que o real são as impressões.
            Estas, como já disse, chegam a mente, através (claro está) das janelas dos cinco sentidos. Se não tivéssemos, por exemplo, olhos para ver, nem ouvido para escutar, nem tato para sentir o toque, nem olfato para cheirar, ou nem sequer paladar para saborear os alimentos que entram em nosso organismo... existiria acaso, para nós, isto que se chama mundo físico? Claro que não, absolutamente não!
            Assim, pois, a vida nos chega em forma de impressões, e é aí onde existe a possibilidade de trabalhar sobre nós mesmos.
            Antes de tudo (se isso quisermos fazer), pois, há que compreender o trabalho que devemos fazer. Se não fizermos esse trabalho de forma correta, como poderíamos lograr uma transformação psicológica, em si mesmos? É obvio que o trabalho que vamos realizar sobre nós mesmos, deve ser sobre as impressões que estamos recebendo a cada instante, a cada momento.
            E a menos que o apreenda ou capture etc., nunca nada nos faria compreender o significa do que no trabalho é chamado o “PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE”.
            O CHOQUE se relaciona com essas impressões que são tudo quanto conhecemos do mundo exterior, que estamos recebendo, que tomamos como se fossem a verdadeira coisa, as verdadeiras pessoas.
            Necessitamos, pois, transformar nossa vida, e esta é INTERNA. Ao querer transformar, pois, estes aspectos psicológicos de nossa vida, obviamente necessitamos trabalhar sobre as impressões (que entram em nós, claro está...).
            Por que chamamos nós, ao trabalho sobre a transformação das impressões, o PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE? Por um motivo, meus queridos irmãos gnósticos, somente por um motivo: porque, simplesmente, é algo que de modo algum poderíamos efetuar em forma meramente mecânica.
            Isso não se sucede jamais mecanicamente, se necessita de um esforço auto-consciente.
            É claro que um aspirante gnóstico que começa a compreender esta classe de trabalho, obviamente (por tal motivo) começa também a deixar de ser um homem mecanicista, que sirva, exclusivamente, aos interesses da natureza; uma criatura absolutamente adormecida, que simplesmente não é mais que um ‘empregado’ da natureza, para os fins econômicos da mesma, os quais não servem, de modo algum, aos interesses de nossa própria Auto-Realização Íntima.
            Se vocês começam agora a compreender o significado de tudo quanto neste ‘casset’ estamos ensinando; se pensam agora no significado de tudo quanto se lhes ensina a fazer, pela via (como já dissemos) do esforço próprio (começando com a AUTO-OBSERVAÇÃO DE SI MESMOS), verão sem dúvidas, meus querido irmão gnósticos, que no lado prático do trabalho esotérico, tudo se relaciona com a transformação das impressões e o que resulta (naturalmente) das mesmas.
            O trabalho, por exemplo, sobre as emoções negativas, sobre os estados de ânimo equivocados, sobre a questão esta da IDENTIFICAÇÃO com as coisas da vida diária, sobre a auto-consideração, sobre os EUS SUCESSIVOS, sobre a auto-justificação, sobre a desculpa e sobre os estados inconscientes em que nos encontramos, se relaciona (em tudo) com a transformação das impressões e o que resulta dela.
            Assim, convêm, meus queridos irmãos gnósticos, que, em certo modo, o trabalho sobre si mesmos se compare à dissecação, no sentido de que é uma transformação. Quero que vocês reflexionem profundamente nisso, que compreendam, pois, o que é o PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE. É preciso formar um INSTRUMENTO DE TROCA no lugar da entrada das impressões. (não se esqueçam!)
            Se mediante a compreensão do trabalho vocês podem aceitar a VIDA COMO TRABALHO (realmente esotérico), então estarão em um estado de constante RECORDAÇÃO DE SI MESMOS. Este estado de consciência de SI MESMO, os levará (naturalmente) ao terreno vivente da transformação das impressões, e assim normalmente (ou supra-normalmente, melhor diríamos), ao de uma vida distinta, na qual a vocês naturalmente interessa.
            Quer dizer, que já a vida não trabalhará mais sobre todos vocês, meus queridos irmãos, como o fazia antes; começarão vocês a pensar e a compreender de uma maneira nova, e este é o começo, naturalmente, de sua própria transformação. Porque enquanto vocês sigam pensando da mesma maneira, tomando a vida da mesma maneira, é claro que não haverá nenhuma mudança dentro de vocês.
            Transformar as impressões da vida é transformar-se a si mesmo, meus queridos irmãos gnósticos, e somente uma maneira de pensar inteiramente nova, pode efetuá-la. Todo este trablho, pois, dirige-se até uma forma radical de transformação. Se um não se transforma, nada logra.
            Compreenderão vocês que a vida não exige (continuamente) reacionar. Todas essas reações formar nossa vida, nossa vida pessoal. Mudar a vida de uma pessoa, não é mudar as circunstâncias meramente externas, é mudar realmente as próprias reações.
            Mas se não vemos que a vida exterior nos chega como meras impressões que nos obrigam incessantemente a reacionar (de uma forma, diríamos, mais ou menos estereotipada), não veremos onde começa o ponte que realmente possibilite a mudança, de onde é possível trabalhar.
            As reações que formam nossa vida pessoal são quase todas de tipo negativo. Então, também nossa vida será negativa, não será mais que uma série sucessiva de reações negativas, que se dão como resposta incessante às impressões que chegam à mente.
            Logo, nossa tarefa consiste em transformar as impressões da vida, de modo que não provoquem esse tipo de reações negativas a que estamos tão acostumados.
            Mas, para lograr-lo, é necessário estarmo-nos AUTO-OBSERVANDO de instante em instante, de momento em momento. Assim as impressões não chegam de modo mecânico; isto equivale a começar a viver mais conscientemente.
            Um indivíduo pode permitir-se, dar-se ao luxo, de que as impressões lhe chegem mecanicamente, mas se essa pessoa não comete semelhante erro, se transforma suas impressões, então começa a viver conscientemente. Por isso se diz que este é o PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE.
            O PRIMEIRO CHOQUE CONSCIENTE reside, na realidade, na transformação das impressões que chegam à mente. Se uma pessoa consegue transformar as impressões que chegam à mente, no momento exato da sua entrada, sempre se pode trabalhar sobre o resultado das mesmas. Claro está, que ao transformá-las, evitamos que produzam seus efeitos mecânicos, que sempre soem ser desastrosos no interior de nossa psique.
            Isto exige um sentimento definido, uma vibração definida do trabalho, uma vibração do ensinamento, o que significa que este trabalho esotérico deve ser levado até o ponto, por assim dizer, onde entram as impressões, e desde onde são distribuídas (mecanicamente) a seu lugar de costume (pela personalidade), para evocar as antigas reações.
            Quero que vocês saiam daqui entendendo um pouquinho mais. Vou tratar, diríamos, de simplificar, a fim de que vocês possam entender. Porei um exemplo: se jogamos uma pedra num lago cristalino, nele vemos que se produzem impressões, e é a resposta às impressões dadas pela pedra (são as reações).
            Esta se manifesta em ondas que vão desde o centro até a periferia, não é verdade? Bom, agora levem vocês, meus queridos irmãos gnósticos, este exemplo à mente. Imaginem - lá, por um momento, como um lago. De repente, aparece a imagem de um pessoa. Essa imagem, diríamos, é como a pedra de nosso exemplo: chega ao lago da mente, e então a mente reaciona (as impressões são as que produzem a imagem que chega à mente; as reações são a resposta a tais impressões).
            Se vocês atiram uma bola contra um muro, o muro recebe a impressão e vem a reação, que consiste em que (inconscientemente) regressa a bola a quem a mandou. Bom, pode ser que não lhe chegue diretamente, mas de todas as maneiras rebota a bota e isso é reação... não é verdade?!
            Bem, há impressões que não são muito agradáveis. Por exemplo, as palavras de um insultador não são, por certo, muito boas de serem ouvidas, não?! Claro que poderíamos, supostamente, transformar essas palavras do insultador. 
            Mas se as palavras são como são, então, que poderíamos fazer? Trasnformar as impressões que tais palavras nos produzem? Sim, isso é possível e o ensinamento gnóstico nos ensina a cristalizar a SEGUNDO FORÇA (quero dizer, ao Cristo em nós mesmos), mediante um postulado que diz:
“HÁ QUE SE RECEBER COM AGRADO AS MANIFESTAÇÕES DESAGRADÁVEIS DE NOSSOS SEMELHANTES.”
            Aí está, pois, o modo de transformas as impressões que produzem, em nós, as palavras de um insultador: “RECEBER COM AGRADO AS MANIFESTAÇÕES DESAGRADÁVEIS DE NOSSOS SEMELHANTES.”
            Este postulado nos levará, naturalmente, à cristalização da SEGUNDA FORÇA (ao Cristo em nós); fará que o CRISTO venha a tomar forma em nós. É um postulado sublime, esotérico em cem por cento...
            Agora bem, se do mundo físico não conhecemos senão as impressões, então o mundo físico, propriamente dito, não é tão externo com crêem as pessoas. Com justa razão disse Don Emmanuel Kant: “o exterior é o interior”. Assim, pois, se o interior é o que conta, devemos então transformar o interior (as impressões são interiores)
            Assim, pois, todos os objetos, as coisas, tudo o que vemos, existe em nosso interior em forma de impressões. Se, por exemplo, nós não transformamos as impressões, nada muda em nós. A luxúria, a cobiça, o ódio, o orgulho, etc., existem em forma de impressões (dentro de nossa psique) e vibram incessantemente.
            O resultado mecânico de tais impressões, hão sido todos esses elementos inumanos que levamos dentro e que normalmente os temos chamado ‘Eus’  (os ‘eus’ que em seu conjunto constituem o mim mesmo, o si mesmo... não é mesmo?!)
            Suponhamos que um indivíduo, por exemplo, vê a uma mulher provocativa e não transforma suas impressões. O resultado será que as mesmas (de tipo luxurioso, naturalmente) exigem nele, pois, um desejo de possuí-la.
            Tal desejo vem a ser o resultado mecânico da impressão recebida e se plasma, vem a cristalizar-se, a tomar uma forma em nossa psique, se converte em um agregado a mais, quero dizer, em um elemento inumano, em um novo eu de tipo luxurioso que vem a agregar-se à soma (já existente) de elementos inumanos que, em sua totalidade, constituem o EGO, o mim mesmo, o si mesmo.
            Mas vamos seguir reflexionando... em nós existe íra, cobiça, luxúria, inveja, orgulho, priguiça e gula. Ira, por quê? Porque muitas impressões chegaram a nós, a nosso interior, e nunca a transformamos.
            O resultado mecânico de tais impressões, pois, foi a ira, foram os eus que ainda existem, vivem em nossa psique e constantemente, pois, nos fazem sentir coragem.
            Cobiça. Indubitavelmente, muitas coisas despertaram em nós a cobiça: o dinheiro, as jóias, as coisas materiais de todo tipo, etc. Esses objetos chegaram a nós em forma de impressões.
            Nós cometemos o erro de não haver transformado essas impressões, por exemplo, em outras coisas diferentes: em uma admiração pela beleza, ou em altruísmo, ou em alegria pelo dono de tais ou quais coisas, enfim... e que? Pois, que tais impressões não transformadas, naturalmente se converteram em ‘eus’ de cobiça que agora carregamos em nosso interior.
            Em quanto à luxúria, já disse que distintas formas de luxúria chegaram a nós em forma de impressões e sugiram (no interior de nossa mente) imagens, diríamos, de tipo erótico, cuja reação foi a luxúria.
            Se acontecer que nós não transformamos então essas estas ondas luxuriosas, essas vibrações luxuriosas, essas impressões, esse SENTIR LUXURIOSO, esse EROTISMO INSANO, não bem entendido (porque bem entendido, já disse que o erotismo é são), naturalmente que o resultado não se faz esperar: fez-se completamente mecânico, nasceram novos ‘eus’ dentro de nossa psique (de tipo, claro está, morboso).
            Assim, pois, hoje em dia nos toca trabalhar sobre as impressões que temos em nosso interior e sobre seus resultados mecânicos. Dentro, temos impressões de ira, de luxúria, de inveja, de orgulho, de preguiça, de gula, etc., etc., etc., (e outras tantas coisas). Também temos, dentro, os resultados mecânicos de tais impressões: montões de ‘eus’ encrenqueiros e gritões que agora necessitamos compreender e E-LI-MI-NAR.
            Todo o trabalho sobre nossa vida versa, pois, em saber transformar as impressões e também em saber eliminar, como dissemos, os resultados mecânicos das impressões não transformadas no passado.
            O mundo exterior, propriamente não existe; o que existe é o interno. As impressões são interiores e as reações (em decorrência a tais impressões) são de tipo completamente interior. Quem poderia dizer que está vendo uma árvore em si mesma? Não, estará vendo a IMAGEM DA ÁRVORE, mas não a árvore. A COISA EM SI, como disse Dom Emmanuel Kant, nada a vê; se a vê a imagem da coisa; ou seja, surgem em nós as impressões sobre a árvore, sobre uma coisa.
            Estas são internas, são de dentro, são da mente. Se nós, por exemplo, não fazemos uma modificação de nossas próprias impressões internas, o resultado mecânico não se deixa esperar: é o NASCIMENTO DE NOVOS ‘EUS’ que vêm a escravizar, ainda mais nossa essência, nossa consciência; que vêm a intensificar o sonho em que vivemos.
            Quando uma pessoa compreende que, realmente, tudo o que existe dentro dele mesmo (com relação ao mundo físico), não são mais que impressões, compreende também a necessidade de transformar essas impressões, e ao fazê-lo, se produz uma transformação total de si mesmo.
            Não há coisa que mais doa, por exemplo, que a CALÚNIA, ou as palavras de um insultador; mas, se uma pessoa é capaz de transformar as impressões que lhe produzem a si tais palavras, essas caem então como um cheque sem fundos.
            Certamente, as palavras de um insultador não têm mais valor do que aquele que lhe dá o insultado. Se o insultado não dá valor a tais palavras, as mesmas caem sem valor (repito, ainda que me faça repetitivo: caem como um cheque sem fundos).
            Quando alguém compreende isto, transforma então as impressões de tais palavras, por exemplo em algo distinto: em amor, em compaixão pelo insultador, e isso (naturalmente) significa TRANS-FOR-MA-ÇÃO...
            Assim, pois necessitamos estar transformando (incessantemente) as impressões, não somente as presentes, senão também as passadas. Dentro de nós existem muitas impressões (que cometemos o erro, no passado, de não havermos transformado) e muitos resultados mecânicos das mesmas, que não os tais “Eus” que agora temos que desintegrar, aniquilar, a fim de que a consciência se liberte e desperte.
            Quero que vocês reflexionem (profundamente) no que estou dizendo: as coisas, as pessoas, não são mais que impressões dentro de vocês, dentre de suas mentes. Se transformam estas impressões, se transforma a vida de vocês.
            Quando há, por exemplo ORGULHO, isso tem por embasamento a ignorância. De que pode sentir-se orgulhosa, por exemplo, uma pessoa? De sua posição social, de seu dinheiro, de quê? Mas se essa pessoa, por exemplo, pensa que sua posição social é uma questão meramente mental, é uma série de impressões que lhe chegam à mente (impressões sobre seu estado social, ou seu dinheiro). Quando pensa que tal estado não é mais que uma questão mental, ou quando analisa, pois, a questão do dinheiro e se da conta que isso somente existe (na mente) em forma de impressões (as impressões que produz o dinheiro, é claro). Se analisa isto a fundo, se compreende (realmente) que o dinheiro e a posição social (e coisas afins) não são mais que impressões internas da mente, por si só, o fato de compreende-lo, que são somente impressões da mente, há transformação da mesma; então o orgulho por si mesmo cai, absolutamente, e nasce de uma forma muito natural, em nós, a humildade.
            Continuando assim com estes processos de transformação das impressões, direi algo mais. Por exemplo: uma imagem de uma mulher LUXURIOSA chega à mente, ou surge na mente. Tal imagem é uma impressão, obviamente.
            Nós poderíamos transformar essa impressão luxuriosa, mediante a compreensão. Bastaria que pensássemos que a citada imagem é perecedora, que essa beleza é (portanto) ilusória.
            Si recordássemos, por alguns instantes, que essa mulher há de morrer e que seu corpo vai se fazer pó no panteão; se com a imaginação víssemos seu corpo em estado de desintegração, dentro da sepultura, seria isto mais que suficiente como para transformar essa impressão luxuriosa em castidade. Assim, transformando-la não surgiriam (na psique) mais “Eus” de luxúria.
            Assim, pois convém que mediante a compreensão, transformemos as impressões que surgem na mente.
            Creio que os estimados irmãos vão compreendendo que o mundo exterior não é tão exterior como normalmente se crê. É interior, pois tudo o que nos chega do mundo, não são mais que impressões internas. Nada poderia meter uma árvore dentro de sua mente, ou uma cadeira, ou uma casa, ou um palácio, ou uma pedra.
            Ali tudo, em nossa mente, não são senão impressões (isso é tudo), impressões de um mundo que chamamos “exterior”, mas que realmente não é tão exterior como se pensa.
            Convém, pois, que todos nós estejamos transformando as impressões mediante a compreensão. Se alguém nos elogia, por exemplo... como transformaríamos nós a VAIDADE que tal adulador poderia provocar em nós? Obviamente, os elogios, as adulações, não são mais que impressões que chegam à mente, e esta por sua vez reaciona em forma de vaidade, mas, se transformamos tais impressões, a vaidade se faz inexistente.
            Como transformariam, pois, as palavras do adulador, essas impressões de elogios, de que forma? Mediante a compreensão! Quando uma pessoas relamente compreende que não é mais que uma infinitesimal criatura de um rincão do universo, de fato transforma, pois, tais impressões de elogio, de lisonja, em algo distinto.
            Converte tais impressões, diríamos, no que elas são: pó, poeira cósmica, porque compreende sua própria posição.
            Já sabemos que nosso planeta Terra é um grão de areia no espaço. Pensemos na galáxia em que vivemos, composta por milhões e milhões de mundos... que é a Terra? É uma mísera partícula de pó nesse infinito. E que somos nós? Organismos (diríamos assim), microorganismos, dentro dessa partícula... então o que? Que conseguiríamos nós com estas reflexões? MUDAR (é claro) e isto, obviamente, produziria uma transformação das impressões que se relacionam com a lisonja, a adulação, o elogio, e não reacionaríamos (como resultado) em forma de orgulho, não é verdade?
            Quanto mais reflexionamos nestas coisas, mais vemos a necessidade de uma transformação completa das impressões...
            Tudo o que vemos (exterior), é interior. Logo, se não trabalhamos sobre o interior, vamos pelo caminho do erro, porque não modificaríamos então nossa vida. Se queremos ser distintos, necessitamos transformar-nos integralmente e, se queremos transformar-nos, devemos começar por transformar as impressões. Aí está a chave para a transformação radical do indivíduo.
            Até mesmo na transmutação sexual, há transformação das impressões. Transformando as impressões animais, bestiais, em elementos de devoção, então surge (em nós) a transformação sexual: a TRANSMUTAÇÃO.
            Creio que vocês me hão compreendido e por hoje chegaremos até esta parte, pois, de nosso discurso. Espero que os que escutem esta fita, tenham a amabilidade de analisá-la, de compreende-la...
           

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